sábado, 9 de outubro de 2010

Discurso de Carlos Alegria no jantar com Manuel Alegre

Caro Dr.Manuel Alegre
Meus Caros Amigos

Enquanto mandatário distrital da candidatura do Dr.Manuel Alegre à Presidência da República, cargo que assumo com indisfarçável honra e orgulho pela segunda vez, compete-me dirigir-lhe as primeiras palavras de boas-vindas.

Penso poder falar em nome de todos os presentes e ainda de um universo bastante maior de outros cidadãos, impossibilitados de aqui estarem em pessoa, para saudar o nosso candidato e para lhe transmitir a esperança que nele depositamos.

Épocas de crise como aquela que estamos a atravessar são propicias ao aparecimento de candidatos inventados por directórios partidários e apresentados à população por agências de comunicação como salvadores da Pátria.

Convirá sublinhar desde já que nem nós nem o nosso candidato acreditamos que em Democracia existam homens providenciais.

A candidatura presidencial do Dr.Manuel Alegre nasceu de uma ampla rede de cidadania que se formou à sua volta para tentar garantir que no Palácio de Belém não se produzissem alterações de fundo. Para que continuássemos a ter na Presidência da Republica um   humanista com grande sensibilidade para as questões sociais e não um tecnocrata com menores preocupações com as pessoas. Como todos se recordam, com a extraordinária manifestação de cidadania que foi a campanha de 2006, quase o conseguimos.

Nas próximas eleições presidenciais, no início do ano, o país precisa mesmo que ele vença. Trata-se de devolver a Presidência da República à corrente politica que melhor se identifica com o Estado Social e com a primazia das pessoas. Mas também está em causa impedir o velho sonho da direita. E para esse combate, mostram os estudos de opinião e todos nós o sabermos, o nosso candidato é indiscutivelmente quem está melhor posicionado.

E porque sempre o soubemos, há pouco menos de um ano, estava o ano de 2009 prestes a terminar, convidamos o Dr. Manuel Alegre a vir até Braga. O jantar em que muitos de nós então participaram acabou por se transformar, como era o nosso desejo, no tiro de partida da longa caminhada que há-de levar o nosso candidato a Belém. Nesta nova caminhada estamos mais fortes, mais plurais, já que à nossa rede de cidadania se associaram também o Bloco de Esquerda e o Partido Socialista, cujos representantes aproveito para saudar.

Estamos a comemorar o centenário da República e o Dr. Manuel Alegre é precisamente o candidato dos valores republicanos. O candidato da liberdade e do humanismo. O candidato dos valores sociais. O candidato que se preocupa com os serviços públicos, como a igualdade de oportunidades no acesso à educação e à saúde.

Mesmo em alturas de grave crise económica, como a que agora atravessamos, um Estado moderno e democrático não pode abandonar uma parte dos seus cidadãos. Não, o Estado tem que ser solidário, em especial com os mais fragilizados, aqueles que mais apoiam necessitam.

É também por essa razão que não podemos ceder aos poderosos lobbies dos interesses privados na saúde. Desde logo rejeitando qualquer revisão constitucional que possa por em causa os princípios que enformam o Serviço Nacional de Saúde. Não queremos regressar às práticas do Estado Novo.

O Serviço Nacional de Saúde foi uma criação fantástica do Partido Socialista através do Dr. António Arnaut. Tem extraordinárias realizações, mas temos consciência que nem tudo corre pelo melhor. Sabemos que é preciso introduzir rapidamente correcções para garantir a sua continuidade.

Numa altura de crise, pode existir a tentação de reduzir despesas através da desorçamentação. Esse seria um erro político com consequências desastrosas para o futuro do SNS, pelo menos tal como o conhecemos.

A solução para reduzir na saúde passa por mais um apertado reforço do controlo e da fiscalização. Por abrir uma guerra sem limites contra o monstruoso desperdício que diariamente acontece em quase todas as unidades do Serviço Nacional de Saúde. Passa pela criação de normas absolutamente claras e de obrigatório cumprimento por todos os intervenientes. E, naturalmente, pela optimização dos recursos disponíveis. Será por medidas deste tipo, repito, de controlo apertado e fiscalização apurada que passa a sustentabilidade do SNS.

Não tenho dúvidas que o Dr.Manuel Alegre, enquanto incansável defensor do Estado Social, também perfilha das mesmas preocupações. Ele, como todos nós, coloca as pessoas em primeiro lugar. Ele, como todos nós, conhece a relevância dos serviços públicos.

Permitam-me terminar com dois agradecimentos. Para o primeiro faço minhas as palavras com que o Dr. Manuel Alegre encerrou a mensagem endereçada ao criador do Serviço Nacional de Saúde aquando da apresentação do seu livro, em Março do ano passado:

"Agradeço publicamente a António Arnaut a lei mais justa e mais solidária da nossa democracia e, sem dúvida, aquela que melhor concretizou os ideais de justiça e igualdade do 25 de Abril.

O outro reconhecimento vai para o Dr.Manuel Alegre pela sua permanente disponibilidade para ser a voz dos mais fracos. É essa voz que nós queremos na Presidência da República.

Braga 7 de Outubro de 2010